segunda-feira, 30 de julho de 2012

        I º CONGRESSO SOBRE GEODIVERSIDADE, BIODIVERSIDADE E CONSERVAÇÃO

7 - 14 de julho de 2012, nas instalações virtuais da Universidade Aberta

CONSERVAÇÃO DA GEO E DA BIODIVERSIDADE – AS TRILOBITES DE AROUCA

Ana Mendonça; Jorge Moreira; Vanda Müller
    (Universidade Aberta)

As trilobites desaparecerem no final do Pérmico, no maior evento de extinção maciça registado na memória fóssil da Terra, que dizimou mais de 96% das espécies marinhas.
A partir da hipótese as trilobites são importantes para a Conservação da Bio e da Geodiversidade foram realizadas pesquisas sobre a documentação e os estudos científicos referentes à Trilobita e aos fósseis de trilobites, com o objetivo de compreender a importância das trilobites para a conservação da biogeodiversidade.
Em discussão entre pares, procedemos à seleção e à análise reflexiva da informação, com base no modelo de análise. Pelo descrito e pelas técnicas e instrumentos utilizados, consideramos estar perante uma investigação exploratória, de cariz qualitativo e estudo de caso - Trilobites de Arouca.
As trilobites existiram em ambiente marinho durante o Paleozoico, Era onde proliferou a biodiversidade. Verificámos uma ecologia diversa, evidente através dos icnofósseis. As trilobites constituem uma classe única e a mais diversificada dos organismos extintos de artrópodes, a Trilobita, que preencheu um conjunto variado de nichos tróficos.
A área do Geoparque de Arouca foi condicionada pela tectónica hercínica e tardihercínica, sendo visíveis sistemas de falhas e ciclos de erosão. Com o abaixamento do nível do mar durante o Período Devónico e o depósito de materiais arenosos, formaram-se greso-xistos, quartzitos e fósseis, como os das trilobites, sob rochas mais antigas, seixos de sedimentos e cinzas provenientes de erupções vulcânicas. Os fósseis de trilobites de Arouca, muitos advindos de exúvios, que permitiram a fossilização por moldagem, são dos maiores conhecidos e pertencem à idade do Ordovícico. Aferimos que o gigantismo polar das trilobites, em pelo menos seis espécies diferentes, foi resultado da anoxia aliada ao ambiente polar, responsável ainda, pela sua morte e conservação (Gutiérrez-Marco, et al., 2009).
Averiguámos que as trilobites desapareceram devido a alterações climáticas severas - aquecimento global (Holsar et al, 1989), resultado de vários mecanismos, catastróficos e uniformes, únicos ou interligados, e.g. impacto ou airburst cósmico, atividade vulcânica, formação da Pangeia, regressão marinha, alteração química da composição da atmosfera e dos oceanos.
Constatámos, ainda, que as alterações climáticas significativas, que ocorreram durante o Ordovícico, deixaram marcas indeléveis como os pelitos com fragmentos nas regiões de Arouca e Valongo (Couto & Lourenço, 2008). O final deste período ficou marcado por uma extinção maciça de espécies – facto que, aliado ao gigantismo polar, relacionámos com a morte das trilobites gigantes de Arouca.
A existência das trilobites chega-nos através do registo fóssil. As evidências das alterações climáticas, que levaram à extinção de grande parte da biodiversidade no passado, ficaram gravadas na geodiversidade. A memória assim preservada permite conhecer e compreender a história da Terra. Daí, esta ser uma das razões para a conservação da geodiversidade. Revisitando esta memória, releva a importância de mitigar o atual forçamento radiativo antropogénico sobre o sistema climático, para a preservação da biodiversidade e da humanidade que dela depende.

Palavras-chave
Conservação, Biogeodiversidade, Alterações Climáticas.

Referências Bibliográficas
-Couto, H.; Lourenço, A. (2008) Alterações climáticas no Paleozoico. Departamento de Geologia. Universidade do Porto.
-Gutiérrez-Marco, J.; Sá, A.; García-Bellido, D.; Rábano, I.; Valério, M. (2009) Giant trilobites and trilobite clusters from the Ordovician of Portugal. Geology 37, 443–446.
-Holser W.; Schoenlaub H-P.; Attrep Jr M.; Boeckelmann K.; Klein P.; Magaritz M.; Orth CJ.; Fenninger A.; Jenny C.; Kralik M.; Mauritsch H.; Pak E.; Schramm J-F.; Stattegger K.; Schmoeller R. (1989) A unique geochemical record at the Permian/Triassic boundary. Nature 337 (6202): 39–44.

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